quarta-feira, 28 de novembro de 2012




20 de Novembro de 2012
O show da Consciência Negra.

 
Existem muitas maneiras de celebrar a imortalidade de Zumbi dos Palmares e a Coordenação de Políticas para Negros e Indígenas – CPPNI que chefio na Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em conjunto com a Secretaria da Cultura através da Assessoria de Gênero e Etnia e da CONE, lançou uma nova fase de popularização do Programa São Paulo Contra o Racismo promovendo um conjunto de atividades.

Iniciamos com a tradicional Missa Afro promovida pela Pastoral Afro na Catedral da Sé com a presença de inúmereas delegações de Comunidades  Afro Paulistanas e com a prestigiosa presença da Secretária de Justiça e da Defesa da Cidania Eloisa de Sousa Arruda









  
Depois o  grande show no Parque da Juventude carregado de emoções e alegrias.

Primeiro o lugar é simbólico. Naquele belo espaço de hoje lembranças de um passado sombrio em que muita gente nossa tombou culminando com a chacina dos 111 detentos em 2 de outubro de 1992.



Hoje, transformado num belíssimo parque o invadimos com muita cultura negra. Congada, Moçambique, Capoeira, Samba de Roda, Afoxé, Contação de Histórias, Roda de Samba, Rap, Samba-Rock e aquela incontida alegria do povo negro enfeitando o parque.

        

 
 

 





 
Em segundo lugar o trabalho de conscientização do que representa o Dia da Consciência Negra e a divulgação da Lei 14.187/2010 que dá consistência o Programa São Paulo Contra o Racismo.

Foram distribuídos 5000 folhetos e, ao final do evento, vi pouquíssimos jogados ao chão comprovando que o principal trabalho de reflexão e informação da população foi realizado com sucesso.

Em terceiro lugar, confesso que tive as minhas preferências e me deliciei com o que é mais popular.

O samba de roda da Nega Duda que mantém como ninguém a tradição do recôncavo.


E a minha sambista preferida no momento a fantástica Fabiana Cozza comemorando ali os seus quinze anos de carreira.

 
Fabiana Cozza quando convidada a participar do evento impôs uma condição. Queria cantar no meio do público, fazendo uma roda de samba com as Tias Baianas Paulistas 



e com a Velha Guarda da Camisa Verde e Branco, 




uma vez que ela, como eu, é verde e branco até a morte. Foi demais, curtição e emoção com todo mundo, de pé no chão, cantando sambas incríveis e saudando o Afoxé Ilê Omo Dadá que passava no local e foi chamado por Fabiana pra se juntar a galera. 


O balanço foi que milhares de pessoas – não vou dar números não, vejam as fotos abaixo e concluam – celebraram o conosco. o melhor Dia da Consciência Negra de todos os tempos já realizado em São Paulo numa grande homenagem ao nosso grande herói – Zumbi dos Palmares.
 
 
A forte chuva não espantou o público que, em parte, se abrigou na improvisada tenda feita com a faixa - São Paulo Contra o Racismo. Um grande barato.
 
 
Bebeto e convidados abrilhantou a tarde e o grande encerramento com Fundo de Quintal e convidados
 
 
 
 

fez o melhor Dia da Consciência Negra de todos os tempos já realizado em São Paulo numa grande homenagem ao nosso grande herói –Zumbi dos Palmares.
 
 
Valeu Zumbi



sábado, 17 de novembro de 2012



 OLIVEIRA SILVEIRA 

O "CRIADOR" DO 20 DE NOVEMBRO

 Oliveira Ferreira Silveira nasceu em Rosário do Sul – RGS formou-se em Letras (Português e Francês) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, pesquisador, historiador, poeta, e um dos idealizadores da transformação do 20 de Novembro, no Dia da Consciência Negra a data máxima do povo negro brasileiro.
Com seu espírito científico Oliveira Silveira mergulhou em uma pesquisa profunda e detalhada sobre a história do negro no Brasil e se deparou com a história do Quilombo dos Palmares e de seu Líder “Zumbi do Palmares”.

Entrevista de Oliveira Silveira para a Agência Brasil conta bem essa história:
Agência Brasil: Por que o movimento negro gaúcho resolveu buscar uma nova data para reverenciar a luta dos negros contra o regime escravagista, em substituição ao 13 de maio?

Oliveira Silveira: Isso ocorreu em 1971. Estávamos insatisfeitos com o 13 de maio. Havia um grupo de negros que se reunia na Rua da Praia [no centro de Porto Alegre] e o nosso assunto, invariavelmente, era a questão negra e o fato de o 13 de maio não ter maior significação para nós. Logo, surgiu a idéia de que era preciso encontrar outra data. Eu, como gostava de pesquisar, aprofundei-me nisso. E encontrei material, cuja fonte era Édison Carneiro, autor do livro O Quilombo dos Palmares, indicando que Zumbi dos Palmares havia sido morto em 20 de novembro [de 1695]. Essa informação foi confirmada no livro As guerras dos Palmares, do português Ernesto Ennes, no qual foram transcritos documentos. Já que não sabíamos o dia de seu nascimento ou do início de Palmares, tínhamos pelo menos a data da morte de Zumbi, o último rei do quilombo de Palmares, Alagoas. Então, promovemos uma reunião, que originou o Grupo Cultural Palmares, cuja idéia era fazer um trabalho para reverenciar Palmares e Zumbi como algo mais representativo que 13 de maio.

ABr: Quando foi realizado o primeiro ato para reverenciar Zumbi e Palmares?

Oliveira: Como o Grupo Palmares havia se disposto a trabalhar a partir de datas e já estávamos em julho de 1971, resolvemos homenagear primeiro o poeta e abolicionista Luiz Gama, que morreu em 24 de agosto, e mais adiante, em outubro, homenageamos o nascimento do poeta e abolicionista José do Patrocínio. Em novembro, fizemos a homenagem a Palmares. À época, o Grupo Palmares tinha quatro pessoas e depois entraram mais duas mulheres. Por isso, consideramos que o grupo fundador foi formado por seis pessoas, que fizeram esse trabalho em 1971, quando homenageamos Luiz Gama, Patrocínio e Zumbi e Palmares. O Grupo Palmares realizou, então, no Clube Náutico Marcílio Dias, em Porto Alegre, o primeiro ato evocativo a Zumbi e a Palmares. Foi o início de um trabalho que teve continuidade ao longo dos anos.

Ainda segundo Silveira, Inicialmente foi só o Rio Grande do Sul, mas graças à divulgação, com o apoio da imprensa, a data foi se tornando conhecida. Em 1975 e 1976, São Paulo, com grupos de teatro de Campinas e da capital paulista, e o Rio de Janeiro começaram a celebrar o 20 de novembro. De modo que foi se implantando o 20 de novembro no país. Até que em 1978 surgiu a idéia de formar o coletivo de organizações negras denominado MNUDR - Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial. Foi a tentativa de uma organização que reunia algumas entidades, entre as quais algumas já celebravam o 20 de novembro. No final de 1978, numa assembléia na Bahia, foi proposta a denominação de Dia Nacional da Consciência Negra em 20 de novembro. Foi uma idéia feliz de Paulo Roberto dos Santos, um militante do Rio de Janeiro. Então, aquilo fez com que o 20 de novembro se consolidasse [como data de celebração a Zumbi e a Palmares e de afirmação da comunidade negra brasileira], mas foi um trabalho contínuo do Grupo Palmares. Foi também o coroamento de um trabalho realizado no Rio Grande do Sul pelo Grupo Palmares e que se tornou importante, porque foi adotado pelo movimento negro em nível nacional.

Oliveira Silveira sempre trabalhou para desmitificar a imagem do gaúcho, que como tipo social é unicamente apresentado como branco. Na realidade, segundo Silveira, o gaúcho é também negro, pela própria história do estado, que já contava com escravos desde sua formação:

"Haviam escravos nos campos e na lida rural, onde até hoje a presença negra é marcante. Para tanto, basta visitar as estâncias do interior e constatar a presença de negros trabalhando como peões."

Como escritor, publicou até 2005 dez títulos individuais de poesia – Pêlo escuro, Roteiro dos tantãs, Poema sobre Palmares, entre outros – e participou de antologias e coletâneas no país e no exterior: Cadernos negros, do grupo Quilombhoje, e A razão da chama, de Oswaldo de Camargo, em São Paulo-SP; Quilombo de Palavras, organização de Jônatas Conceição e Lindinalva Barbosa, em Salvador, na Bahia; Schwarze poesie/Poesia negra e Schwarze prosa/Prosa negra, organizadas por Moema Parente Augel e editadas na Alemanha por Édition diá em 1988 e 1993, com tradução de Johannes Augel; ou revista Callaloo volume 18, número 4, 1995, e volume 20, número 1 (estudo de Steven F. White), 1997, Virgínia, Estados Unidos.
 ENCONTREI MINHAS ORIGENS


Encontrei minhas origens
em velhos arquivos
....... livros
Encontrei
em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
...... cantos
em furiosos tambores
....... ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei


Na imprensa, publicou artigos, reportagens, e alguns contos e crônicas. Participou com artigos ou ensaios em obras coletivas,caso do ensaio Vinte de novembro:história e conteúdo, no livro Educação e Ações Afirmativas, organizado por Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva e Válter Roberto Silvério – Brasília: Ministério da Educação/Inep, 2002.
Entre algumas distinções recebidas: menção honrosa da União Brasileira de Escritores, do Rio de Janeiro, pelo livro Banzo Saudade Negra em 1969; medalha cidade de Porto Alegre, concedida pelo Executivo Municipal em 1988; medalha Mérito Cruz e Sousa, da Comissão Estadual para Celebração do Centenário de Morte de Cruz e Sousa – Florianópolis-SC, 1998; Troféu Zumbi, obra de Américo Souza, concedido pela Associação Satélite-Prontidão, da comunidade negra de Porto Alegre, 1999; Comenda Resistência Civil Escrava Anastácia, da Rua do Perdão, evento cultural negro, Porto Alegre, 1999; e Tesouro Vivo Afro-brasileiro, homenagem do II Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros, realizado entre 25 e 29 de agosto de 2002 na Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR, em São Carlos-SP – ato em 27 de agosto.

Atuação em outros grupos a contar de meados da década 1970: Razão Negra, Tição, Semba Arte Negra, Associação Negra de Cultura. Integrante da Comissão Gaúcha de Folclore. Conselheiro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR/PR, integrando, nesse órgão com status de ministério, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR, órgão consultivo, período 2004-2006.

Fontes: