segunda-feira, 28 de março de 2011

OBAMA este é “O Cara”...
As análises políticas feitas pela mídia especializada sobre a visita do Presidente Barack Obama ao Brasil, como já era de se esperar, vão do ceticismo à crítica de que nada ou pouco mudará na relação entre as duas nações.
Para nós afrobrasileir@s, entretanto, a sensação de alegria e de orgulho de ver um homem negro, eleito pelo seu povo, dirigir o mais importante e influente país do mundo, superam a impressão da mídia.
É lógico que como todos os brasileiros esperamos, que a médio e longo prazo, as relações econômicas, políticas e sociais entre o Brasil e Estados Unidos sejam aperfeiçoadas, todavia, não podemos deixar de lado a alegria que nós negros e negras do Brasil sentimos, país ainda bastante desigual nas oportunidades, ao ver Obama acenar na sua chegada a Brasília e nas suas andanças – poucas é verdade – pelo território do País mais negro do planeta fora do continente africano.
Para os afrobrasileiros, ainda que os principais veículos de comunicação não queiram dar importância, duas atitudes mostram porque ele. Obama é “O Cara”.
1.  No discurso aos brasileiros lembrou que as origens históricas dos dois países são semelhantes, desde a colonização até a luta contra a escravidão;

2. a sua visita a um bairro popular – algo protocolar em visitas dessa natureza – foi na Cidade de Deus, um verdadeiro quilombo construído pelo processo de exclusão dos negros das áreas nobres da Cidade Maravilhosa.
Para a imprensa brasileira o principal motivo dessa visita foi a tal comunidade pacificada. Discordo, a visita se deu pelo símbolo da resistência negra que a Cidade de Deus representa hoje em todo o Mundo depois da consagração internacional do filme que leva o seu nome.

Para a maioria dos jornalistas brasileiros, o não querer enxergar essa realidade e transmiti-las aos seus leitores e ouvintes é o mais importante.
Um trecho fala da estudante Tamara Rúbia no G1 resume esse sentimento de apropriação do presidente norte-americano: Ele é um coroa vistoso. Um preto de tirar chapéu.


... e Michelle é “a Mulher”.
Para nos fartar de orgulho, a primeira dama americana, Michelle Obama, se mostrou exuberante ,tanto na postura política ao lado do marido, como nas atividades em que esteve dele desacompanhada.
Mostrou a sua independência nos contatos sociais que teve com organizações sociais brasileiras, uma simpatia cativante e uma elegância comentada em todos os meios de comunicação.
Dois comentaristas de moda confirmam a sua importância política aliada a sua elegância: Mesmo sendo uma primeira-dama, é uma pessoa normal. É uma pessoa real (Arlindo Grund do SBT); o outro comentário da colunista Carolina Vasone vai na mesma linha de aliar o bom gosto a mensagem política: a primeira-dama sabe tirar o melhor proveito de suas curvas, de sua altura, sem sobrepô-las ao recado mais importante: o de que é uma mulher que tem o que dizer e sabe fazê-lo bem de várias maneiras, sem desperdiçar a oportunidade que as roupas podem proporcionar para isso.


A análise e avaliação política dos resultados da passagem de Barack Obama no Brasil fica, como já disse, com os especialistas.  
Para nós da Comunidade Negra foi mais um momento de altivez e orgulho de quanto nós, da Diáspora Africana, já fizemos pelas Américas.

Obama e Michelle – até breve!!!




terça-feira, 22 de março de 2011

São Paulo contra o racismo
      
            Governador Geraldo Alckmin discursa na apresentação do programa 

O projeto de combate à discriminação racial foi apresentado pela secretária da Justiça, Eloisa de Sousa Arruda, que assinou um termo de compromisso com as prefeituras municipais, e de cooperação técnica - com a Fundação Procon-SP e o Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc). Também foi assinado um protocolo de intenções para a adoção de medidas práticas de combate ao racismo entre as secretarias de Educação, Esportes, Cultura, Desenvolvimento Social, Segurança Pública e Justiça.

Nesta segunda-feira, 21, dia Internacional contra a Discriminação Racial, o governador Geraldo Alckmin lançou o projeto São Paulo contra o Racismo, sob a organização da Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena, da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania.
"Nós temos gente aqui do mundo inteiro. Portanto, é obrigação nossa estar na frente, na vanguarda: São Paulo contra o racismo. Um Estado justo, que inclui a todos, que cria oportunidades, que não discrimina. E fico feliz em incluir aqui 47 municípios, hoje, como nossos parceiros para descentralizar e agilizar a Justiça, para punir qualquer tipo de racismo no Estado de São Paulo e, principalmente, ter uma atitude e agenda positiva, no sentido da educação, da cultura", afirmou o governador Alckmin.



Roseli de Oliveira, Coordenadora de Políticas para a População Negra e Indígena(e) Eloisa Arruda, Secretária de Justiça e da Defesa da Cidadania e Elisa Lucas, Presidente do CPDCN
Com a assinatura do termo de compromisso, a Secretaria de Justiça receberá das prefeituras municipais as denúncias de discriminação racial, que passam a ser acolhidas nos diversos municípios e encaminhadas à Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena. Pretende-se também que haja um acompanhamento dos boletins de ocorrência dos casos relatados, com a indicação da Lei 14.187 (Lei Estadual Contra Discriminação Racial) no documento. 
Caberá ao Procon-SP a elaboração de material educativo, distribuição de vídeo institucional sobre o tema da discriminação racial e atendimento do público e averiguação, no âmbito da fiscalização, das demandas apresentadas por consumidores em que haja indício de discriminação em relação de consumo.
O reconhecimento para titulação de quilombos paulistas
O Instituto de Terras de São Paulo (Itesp) iniciará os estudos para o reconhecimento das comunidades quilombolas Peropava (Registro/SP), Fazenda (Ubatuba/SP), Piririca e Praia Grande (Iporanga/SP).
No âmbito da conscientização coletiva, serão realizados seminários e videoconferências sobre o tema da discriminação racial.
A População Negra
Em nome da população afrobrasileira de São Paulo falou a Presidenta do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, Elisa Lucas Rodrigues, que destacou a importância de mais esse avanço na luta pela superação do racismo e que o Estado de São Paulo, mais uma vez, se destaca pela atuação efetiva nesse sentido.
 Elisa Lucas – Presidenta do Conselho da Comunidade Negra



O Prefeito de Americana, Diego de Nadai falou e assinou simbolicamente durante o evento
em nome dos 47 Prefeitos presentes que, ao final da cerimônia, firmaram o convênio para a atuação em suas respectivas cidades. (Fotos Cris Castelo Branco e Assessoria de Comunicação Sec.da Justiça)
Mais ações
Estão previstas ações intersecretariais, entre elas, a implementação das Leis 10.639 e 11.645, que torna obrigatória nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos ou privados, matéria sobre História e Cultura Afro-brasileira e Indígena. Serão estudadas políticas públicas para facilitar o acesso de negros e indígenas aos Programas de Transferência de Renda e Projetos e a inclusão deste grupo no Sistema de Pontuação Acrescida nas seleções públicas de estágio.
O Governo também deverá lançar campanhas de esclarecimento sobre a importância do esporte como meio de superação da discriminação e do reconhecimento da diversidade étnico-racial no meio esportivo, reforçando a identidade negra e indígena dos atletas paulistas. O objetivo é o desenvolvimento de ações para coibir a discriminação em eventos nacionais e internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Indicadores mostram que a morte de jovens negros diminuiu em São Paulo
De acordo com dados do Mapa da Violência 2011: Jovens do Brasil, do Ministério da Justiça, o índice de homicídios de negros em relação aos brancos aumentou no País. Em 2008, para um branco assassinado, morreram dois negros. Apesar destes dados, verifica-se no Estado de São Paulo que o índice de homicídios da população negra vem diminuindo. Em 2002, foram mortos 5.988 negros. Em 2008, este número caiu para 2.348. Ao contrário da tendência nacional, morrem menos negros do que brancos no Estado de São Paulo, que possui cerca de 12,5 milhões da raça negra ou parda (31% do total de habitantes no Estado). São Paulo ocupa o 25 º lugar no ranking de homicídios por raça ou cor.

Fonte – Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania

sexta-feira, 18 de março de 2011

Programa de Ação Cultural
ProAC ICMS/ 2011 – INSCRIÇÕES.
O Governo do Estado de São Paulo através da Secretaria da Cultura tem um importante programa de patrocínio para atividades artísticas e culturais, denominado Programa de Ação Cultural – ProAC – ICMS.
O ProAC tem como objetivos:
• Apoiar e patrocinar a renovação, o intercâmbio, a divulgação e a produção artística e cultural no Estado;

• Preservar e difundir o patrimônio cultural material e imaterial do Estado;

• Apoiar pesquisas e projetos de formação cultural, bem como a diversidade cultural;

• Apoiar e patrocinar a preservação e a expansão dos espaços de circulação da produção cultural.

Atende aos seguintes segmentos:

I - artes plásticas, visuais e design; II - bibliotecas, arquivos e centros culturais; III - cinema; IV - circo; V - cultura popular; VI - dança; VII - eventos carnavalescos e escolas de samba; VIII - "hip-hop"; IX - literatura; X - museu; XI - música; XII - ópera; XIII - patrimônio histórico e artístico; XIV - pesquisa e documentação; XV - teatro; XVI - vídeo; XVII - bolsas de estudo para cursos de caráter cultural ou artístico, ministrados em instituições nacionais ou internacionais sem fins lucrativos; XVIII - programas de rádio e de televisão com finalidades cultural, social e de prestação de serviços à comunidade; XIX - projetos especiais - primeiras obras, experimentações, pesquisas, publicações, cursos, viagens, resgate de modos tradicionais de produção, desenvolvimento de novas tecnologias para as artes e para a cultura e preservação da diversidade cultural; XX - restauração e conservação de bens protegidos por órgão oficial de preservação; XXI - recuperação, construção e manutenção de espaços de circulação da produção cultural no Estado.

60 Milhões de reais
É o valor que a Secretaria de Estado da Cultura destinou para 2011 para apoio de projetos em 21 diferentes segmentos culturais em todo estado de São Paulo

Atenção para os prazos
Conforme Resolução SC Nº 11/2011, estão abertas desde 14 de março de 2011, as inscrições de novos proponentes para obtenção dos benefícios do ProAC, por meio de incentivo fiscal do ICMS;
A partir de 21 de março de 2011, estarão abertas as inscrições de novos projetos para obtenção dos benefícios do ProAC, por meio de incentivo fiscal do ICMS.
No dia 30 de abril de 2011, serão encerradas as inscrições de novos proponentes e de novos projetos para obtenção dos benefícios do ProAC, por meio de incentivo fiscal do ICMS.
Para obter todas as informações clique: http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.555627669a24dd2547378d27ca60c1a0/?vgnextoid=6a33b23eb2a6b110VgnVCM100000ac061c0aRCRD

segunda-feira, 14 de março de 2011

Abdias do Nascimento.



Abdias do Nascimento nasceu em 14 de março de 1914 em Franca SP.

Militante da luta contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra foi ator, diretor e dramaturgo. Fundou o Teatro Experimental do Negro – TEN, que atuou no Rio de Janeiro entre 1944 e 1968 que foi a primeira companhia de teatro negra do Brasil.

Abdias Nascimento e Léia Garcia  - Teatro Experimental do Negro

A inspiração da criação do TEN foi uma viagem ao Peru e assiste ao espetáculo O Imperador Jones, de Eugene O'Neill, no qual o personagem central é interpretado por um ator branco tingido de negro. Refletindo sobre essa situação, comum no teatro brasileiro de então, propõe-se a criar um teatro que valorize os artistas negros.

A militância política de Abdias do Nascimento começa na década de 1930, quando integrou a Frente Negra Brasileira, em São Paulo.
Alista-se no Exército, e na capital de São Paulo participa da Frente Negra Brasileira. Participa das Revoluções de 1930 e 1932, na qualidade de soldado. Combate a discriminação racial em estabelecimentos comerciais em São Paulo.
Participou da organização do 1º Congresso Afro-Campineiro, com o objetivo de discutir formas de resistência à discriminação racial. No início da década de 1940, Abdias foi estudar teatro em Buenos Aires por um ano e quando voltou ao Brasil, em 1941, foi preso por um crime de resistência, anterior a sua viagem. Detido na antiga penitenciária do Carandiru, fundou o Teatro do Sentenciado com um grupo de presos que escrevem e encenam os próprios textos.
No Rio de Janeiro, com o apoio de uma série de artistas e intelectuais brasileiros, inaugura o Teatro Experimental do Negro - TEN, em 1944, com a proposta de trabalhar pela valorização social do negro por meio da cultura e da arte.
Entre 1948 e 1951 foi editor do jornal Quilombo, órgão de divulgação do grupo e de notícias de outras entidades do movimento negro.
Nesse período também realiza a Conferência Nacional do Negro, em 1949 e, o 1º Congresso do Negro Brasileiro, em 1950.
Em 1961, publica o livro Dramas para Negros e Prólogos para Brancos, compêndio com peças nacionais que tratam da cultura negra, entre elas as montadas pelo TEN.
Perseguido pela ditadura militar Abdias parte para o exílio no exterior em 1968 e ao retornar retoma a atividade política elegendo-se Deputado federal (1983-86) e depois Senador da República (1991-99). Suplente do Senador Darcy Ribeiro, assumiu a cadeira no Senado, representando o Rio de Janeiro pelo PDT em dois períodos: 1991-1992 e 1997-99, tendo ocupado também cargos no executivo como Secretário de Estado no Rio de Janeiro da Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (SEAFRO) (1991-1994).
Secretário de Estado de Direitos Humanos e da Cidadania, Governo do Estado do Rio de Janeiro, 1999. Coordenador do Conselho de Direitos Humanos (1999-2000).
O GRUPO NEGRO DA PUC e ABDIAS DO NASCIMENTO.
Muito embora não conste no site oficial do Abdias, não posso deixar de anotar que durante o período em que ainda se encontrava no exterior e atentamente acompanhado pelo Regime Autoritário que imperava no Brasil, nós do Grupo Negro da PUC/SP, em maio de 1978, abrimos o auditório da PUC para que Abdias do Nascimento proferisse uma palestra sendo esta a sua primeira manifestação pública que ele fez em solo brasileiro depois de ter deixado o País em 1968.
Veja mais sobre Abdias em http://www.abdias.com.br/

sábado, 12 de março de 2011

Léa Garcia
Uma das dez mulheres mais importantes do Século XX

 Léa Lucas Garcia de Aguiar é o nome inteiro da atriz negra Léa Garcia. Ela nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de março de1933. Léa era filha única de uma modista famosa, que por isso fazia questão de vestir a menina muito bem. O pai era um bombeiro hidráulico. Léa estava com onze anos, quando sua mãe faleceu. A menina foi então morar com sua avó materna, dona Constança, que era governanta de uma família tradicional do Rio de Janeiro. A menina teve então oportunidade de freqüentar bons colégios.

Léa estava com 16 anos quando conheceu Abdias do Nascimento, que fundara o Teatro Experimental do Negro e fazia encontros de poesia e preparava espetáculos teatrais. Léa começou a cabular aulas, para assistir ao trabalho de Abdias, por quem acabou se apaixonando. Quando o pai de Léa percebeu as faltas da menina, deu-lhe uma surra no meio da rua. A menina então fugiu de casa, e foi morar com Abdias, vinte anos mais velho que ela. Abdias, que já era perseguido por sua luta em pról dos negros, foi então acusado de corrupção de menor, o que apareceu em todos os jornais da época.
Esses fatos fizeram de Léa uma guerreira e ela partiu definitivamente para a arte.

Estreou em 1952, na peça de Abdias:"Rapsódia Negra". Continuou no teatro, onde fez:"Orfeu da Conceição", em 1956.Fez depois:"Casa Grande e Senzala", "Cenas Cariocas"e "Piaf", entre outras peças. Fez também cinema, onde apareceu em "Orfeu do Carnaval" papel que lhe deu o 2º lugar de melhor atriz, no festival de Cannes.

Atuou em inúmeros filmes destacando-se "Ganga Zumba", "Ladrões de Cinema","A Deusa Negra", "Cruz e Souza". Em 2002, participou de :"Viva Sapato", "Filhas ao Vento", em 2005 onde foi premiada com o Kikito de Melhor Atriz dirigido pelo cineasta negro Joel Zito Araújo., "O Maior Amor do Mundo", em 2006, quando fez ainda:'Mémórias da Chibata", "Mulheres do Brasil".
Cena de Filhas do Vento

Léa Garcia também participou bastante em televisão e o fez sempre com destaque.

Fez na TV Globo: "Escrava Isaura", "Selva de Pedra", "Marina". Participou também de minisséries e seriados. Porém, o papel em que mais se destacou, foi o de Rosa, em "Escrava Isaura", que foi um sucesso internacional. 


Fez o papel de Leila, na novela Marina. Leila era uma pessoa à frente de seu tempo, que tinha uma filha, que era a única negra num colégio de brancos e sofria preconceito racial. Numa das aulas, Leila tinha que dissertar sobre Zumbi dos Palmares. A atriz Léa pediu para modificar o texto, para dar a posição de afrodescendentes. A cena saiu muito bem e Léa foi aplaudida pelos colegas, após fazê-la. Léa, à época, trabalhava para o IPCN- Instituto de Pesquisa da Cultura Negra.


O reconhecimento internacional da sua importância.
Por tudo isso, a atriz foi escolhida pelo Guilford College, dos Estados Unidos, como uma das dez mulheres do século 20, que mais contribuíram para a luta pelos direitos humanos e civis do mundo. Léa Garcia era a única brasileira.

Léa Garcia fez ainda parte do elenco de:"Cidadão Brasileiro", na TV Record, em 2006 e em 2007, fez:"Luz do Sol".

Saiba mais sobre Léa Garcia nos seguintes sites: