domingo, 23 de outubro de 2011

CHOCOLATE
Dorival Silva


Ando muito musical nos últimos tempos é que essa negrada de talento me inspira e me deixa sem alternativa de ao escrever sobre algum deles ou delas não escrever sobre outro. É o que faço nesta postagem ao trazer o delicioso Chocolate - Dorival Silva, compositor e ator, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 20/12/1923 e faleceu em 27/6/1989.

Alcançou grande popularidade nas décadas de 1950-1960, atuando como comediante no rádio e na televisão, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Como comediante teve muitas contestações por estereotipar o negro, todavia, sua genialidade como compositor é o grande legado que deixou e que precisa ser reconhecido pela antiga e pela nova geração.

Como compositor, teve sua melhor fase nos anos 1950, quando criou as melodias Canção de Amor em parceria com Elano de Paula, sucesso de Elizeth Cardoso que a tornou conhecida em todo o país. Ouça essa preciosidade.


Outro parceiro foi Américo Seixas na fantástica Vida de Bailarina, sucesso com Ângela Maria outra cantora negra fantástica em 1954 e repetido com a inesquecível Elis Regina em 1972.

Aqui a Sapoti, Ângela Maria e Djavan interpretam o grande sucesso Vida de Bailarina



Quem assistia Chico Anísio Show ouvia a vinheta que ficou associada à imagem do humorista e que também é de autoria de Chocolate e outro seu parceiro Nancy Wanderley, Hino ao Músico. Relembre:


Seu parceiro mais assíduo foi Mário Lago onde merece registro É tão gostoso seu moço  gravada por Nora Ney e que você ouve aqui.

Obras

Bobagem gostosa (c/Mário Lago), baião, 1953; Canção de amor (c/Elano de Paula), samba-canção, 1950; É tão gostoso, seu moço (c/Mário Lago), samba, 1953; Faz de conta (c/Mário Lago), samba, s.d.; Hino ao músico (c/Nancy Wanderley), marcha, 1957; Mundo cego (c/Ricardo Galeno), samba-canção, s.d.; Triste melodia (c/Di Veras), samba-canção, 1954; Vamos falar de saudade (c/Mário Lago), toada, 1955; Vida de bailarina (c/Américo Seixas), samba-canção, 1954.



 



sexta-feira, 7 de outubro de 2011


A Divina
Elizeth Cardoso

Elizeth Moreira Cardoso nasceu no Rio de Janeiro em 16 de julho de 1920 no bairro de São Francisco Xavier e cantava desde pequena pelos bairros da Zona Norte carioca. Filha de pai seresteiro e uma mãe que gostava de cantar naturalmente inclinou-se para a música.

Precisando trabalhar foi balconista, funcionária de uma fábrica de saponáceos e cabeleireira, até que o talento foi descoberto aos dezesseis anos, quando foi então convidada para um teste na Rádio Guanabara, pelo chorão Jacob do Bandolim.

Apesar da oposição inicial do pai, apresentou-se em 1936 no Programa Suburbano, ao lado de grandes nomes do rádio como Vicente Celestino, Araci de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa e Marília Batista, foi imediatamente contratada.

Ouça Feitiço da Vila em emocionante interpretação da Divina, Jacob do Bandolim e Época de Ouro do genial Noel Rosa.


Cantora de grandes orquestras era uma das atrações do Dancing Avenida até 1945 quando se mudou para São Paulo para cantar no Salão Verde e para apresentar-se na Rádio Cruzeiro do Sul.

Introduzida através do choro por Jacob do Bandolim, Elizeth consagrou-se como uma das grandes intérpretes do samba-canção ao lado de Maysa, Nora Ney, Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Dolores Duran.
Belíssima interpretação de Se todos fossem iguais a você de Tom e Vinicius.



 Precursora da bossa-nova gravou em 1958 o disco Canção do Amor Demais
 
O antológico long play, outra modernidade no Brasil com suas doze faixas, trazia da autoria de Vinicius de Moraes e Tom Jobim o clássico e histórico Chega de Saudade.

A curiosidade do disco é a participação de um então desconhecido jovem baiano que tocava o violão de maneira original, inédita: João Gilberto.

Nos anos 60 apresentou o programa Bossaudade na TV Record, Canal 7, São Paulo.
 
Dessa época com o genial Ciro Monteiro Tem que rebolar (1966)

 
Em 1968 apresentou-se num espetáculo que foi considerado o ápice da carreira, com Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio no Teatro João Caetano, em benefício do Museu da Imagem e do Som  do Rio de Janeiro, considerado um encontro histórico da música popular brasileira, no qual foram ovacionados pela platéia.

Deste espetáculo foram lançados LPs em edição limitada pelo MIS.

Em 1965 conquistou o segundo lugar na estréia do I Festival de Música Popular Brasileira da TV Record interpretando Valsa do amor que não vem  (Baden Powell e Vinicius de Moraes); o primeiro lugar foi da novata Elis Regina com Arrastão (Edu Lobo)

Teve vários apelidos que ressaltavam a sua qualidade de intérprete, nenhum deles, porém, se iguala ao que foi consagrado por Haroldo Costa – A Divina -- que a marcou para o público e para o meio artístico.
Elizeth Cardoso lançou mais de 40 LPs no Brasil e gravou vários outros no exterior.

Morreu aos 69 anos, em 7 de maio de 1990 vítima de câncer.