sábado, 13 de abril de 2013




A Fórmula 1, a discriminação racial e o PIMESP.


 

O título pode remeter o leitor à expectativa de que nesta publicação contarei algum caso de discriminação racial na badalada Fórmula 1. Não, utilizarei a mais importante categoria do automobilismo para mostrar como se discrimina apesar de todas as aparências de tratamento igualitário.

Muitos dos que me acompanham podem não ser fãs da Formula 1 como eu sou e inicialmente poderão não entender na sua plenitude o que estou falando, mas é simples.

Na primeira prova deste ano o piloto Felipe Massa que corre com um dos dois carros da famosa e poderosa Ferrari fez os melhores tempos nos treinos livres e especialmente no de classificação que determina a posição de largada dos carros do que seu colega de equipe Fernando Alonso, o que o colocou na quarta posição para a largada e Alonso atrás na quinta.

Dada a largada Felipe Massa e Fernando Alonso ganharam duas posições cada um. Massa então foi para o segundo lugar e Alonso para o terceiro e neste início de corrida Alonso não conseguiu ultrapassar Massa.
A emoção e as mudanças de posições na Fórmula 1 de hoje ocorrem principalmente, na estratégia e velocidade de se trocar pneus nos boxes. E a equipe Ferrari, como faz tradicionalmente, chama para o box o seu piloto melhor colocado para a primeira troca, no caso Massa e depois o que vem atrás, Alonso. Na volta a pista as posições se mantém.

Aí então vem a discriminação entre os pilotos e é assim que faço a analogia com a discriminação racial.
Os dois têm carros iguais, pneus iguais, mecânicos e engenheiros de igual competência e o mesmo combustível. Aparentemente as mesmas oportunidades de ganhar a corrida ou de bem se classificar ao final dela e aí então o que faz a Ferrari, muda o seu comportamento e ao invés de trocar primeiro o pneu do seu piloto melhor colocado, Felipe Massa, chama para o box o piloto Alonso e deixa o outro por mais três voltas na pista e só depois disso faz a troca dos pneus de seu carro. Quando volta para a pista Felipe Massa não só está atrás do seu companheiro de equipe, mas atrás de outros três carros de equipes diferentes.

Aí está discriminação. Aparentemente ele continua em iguais condições que o outro, que agora em segundo luta pela vitória, na prática, foi tratado como segundo piloto, o que é na prática, porque com os pneus desgastados nas três voltas a mais que a equipe o manteve na pista, era impossível manter a mesma velocidade e quando foi tardiamente para o box, perdeu a igualdade de oportunidade para correr para o primeiro lugar.

A discriminação racial no Brasil atual é exatamente assim. Aparentemente todos concorrem em igualdade de condições, na prática, sabemos que alguns são chamados antes que os outros e, portanto, tem condições de correr para o pódio, aos demais, resta a possibilidade de ser auxiliar daqueles ou meros coadjuvantes.

Em São Paulo, por exemplo, cria-se o PIMESP (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista), atrasadamente em relação aos demais Estados e a União que estabeleceram programas de cotas para negros há pelo menos 10 (dez) anos, chama-o de mérito, como se os programas de inclusão dos demais Estados fosse demérito e finge colocar os jovens negros paulistas em posição de ganhar a prova. 

Não é verdade.

Acho que vou deixar de assistir corridas!

Charge extraída do site:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR5jXNK4YXqMmC1MgCPCCIW_vAI9Mn-QefxTrKzI_UNlJuJxfQDH4pRzudPwpzha5rfcLYa5jhyrkklk6gia8_yyM3bHWfYvzmM0qQe2__WLY4KjXxBAA-usUtBW9AgNheuxLvmKKmBwE/s640/charge-aroeira-felipe-massa2.jpg

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