A Fórmula 1, a discriminação racial e o PIMESP.
O título pode remeter o leitor à
expectativa de que nesta publicação contarei algum caso de discriminação racial
na badalada Fórmula 1. Não, utilizarei a mais importante categoria do
automobilismo para mostrar como se discrimina apesar de todas as aparências de
tratamento igualitário.
Muitos dos que me acompanham
podem não ser fãs da Formula 1 como eu sou e inicialmente poderão não entender
na sua plenitude o que estou falando, mas é simples.
Na primeira prova deste ano o
piloto Felipe Massa que corre com um dos dois carros da famosa e poderosa
Ferrari fez os melhores tempos nos treinos livres e especialmente no de
classificação que determina a posição de largada dos carros do que seu colega
de equipe Fernando Alonso, o que o colocou na quarta posição para a largada e
Alonso atrás na quinta.
Dada a largada Felipe Massa e
Fernando Alonso ganharam duas posições cada um. Massa então foi para o segundo
lugar e Alonso para o terceiro e neste início de corrida Alonso não conseguiu
ultrapassar Massa.
A emoção e as mudanças de posições
na Fórmula 1 de hoje ocorrem principalmente, na estratégia e velocidade de se
trocar pneus nos boxes. E a equipe Ferrari, como faz tradicionalmente, chama
para o box o seu piloto melhor colocado para a primeira troca, no caso Massa e
depois o que vem atrás, Alonso. Na volta a pista as posições se mantém.
Aí então vem a discriminação
entre os pilotos e é assim que faço a analogia com a discriminação racial.
Os dois têm carros iguais, pneus
iguais, mecânicos e engenheiros de igual competência e o mesmo combustível.
Aparentemente as mesmas oportunidades de ganhar a corrida ou de bem se
classificar ao final dela e aí então o que faz a Ferrari, muda o seu
comportamento e ao invés de trocar primeiro o pneu do seu piloto melhor
colocado, Felipe Massa, chama para o box o piloto Alonso e deixa o outro por
mais três voltas na pista e só depois disso faz a troca dos pneus de seu carro.
Quando volta para a pista Felipe Massa não só está atrás do seu companheiro de
equipe, mas atrás de outros três carros de equipes diferentes.
Aí está discriminação.
Aparentemente ele continua em iguais condições que o outro, que agora em
segundo luta pela vitória, na prática, foi tratado como segundo piloto, o que é
na prática, porque com os pneus desgastados nas três voltas a mais que a equipe
o manteve na pista, era impossível manter a mesma velocidade e quando foi
tardiamente para o box, perdeu a igualdade de oportunidade para correr para o
primeiro lugar.
A discriminação racial no Brasil
atual é exatamente assim. Aparentemente todos concorrem em igualdade de
condições, na prática, sabemos que alguns são chamados antes que os outros e,
portanto, tem condições de correr para o pódio, aos demais, resta a
possibilidade de ser auxiliar daqueles ou meros coadjuvantes.
Em São Paulo, por exemplo,
cria-se o PIMESP (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público
Paulista), atrasadamente em relação aos demais Estados e a União que
estabeleceram programas de cotas para negros há pelo menos 10 (dez) anos,
chama-o de mérito, como se os programas de inclusão dos demais Estados fosse
demérito e finge colocar os jovens negros paulistas em posição de ganhar a prova.
Não é verdade.
Acho que vou deixar de assistir
corridas!
Charge extraída do site:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR5jXNK4YXqMmC1MgCPCCIW_vAI9Mn-QefxTrKzI_UNlJuJxfQDH4pRzudPwpzha5rfcLYa5jhyrkklk6gia8_yyM3bHWfYvzmM0qQe2__WLY4KjXxBAA-usUtBW9AgNheuxLvmKKmBwE/s640/charge-aroeira-felipe-massa2.jpg
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