O Portal do Arruda (Antonio Carlos) discute política nacional, internacional, direitos humanos e questões relativas a população negra no Brasil e no Mundo.
sábado, 30 de novembro de 2013
Mês
da Consciência Negra – Novembro de 2013.
Um
ano sabático no que se refere a minha participação nas ações do Movimento Negro
depois de mais de três décadas de intensas ações. Neste período vivi a experiência de muitas alterações e muitos avanços na secular luta
pela igualdade de direitos e oportunidades para o Povo Negro Brasileiro.
Ao
longo desse percurso aprendi, na prática, que se a nossa
população é ainda a mais discriminada, outros segmentos étnicos, religiosos e
sociais também o são de forma igualmente violenta nesse Brasil de todos os
brasileiros e me inseri na luta pela igualdade de direitos e oportunidades de
TOD@S.
Entendi
melhor o que significa, além de ser negro, ser mulher, indígena, cigano, judeu,
árabe, japonês, boliviano, homossexual, anão, obeso, praticante de religião e
agora estou aprendendo a ser idoso. Um grande barato.
Decidi
fazer a minha própria celebração ouvindo alguns sambas enredos que sempre
fizeram a festa do Povo Negro Brasileiro e de outros tantos que não valorizam
essa cultura devidamente, todavia, curtem e aproveitam os três dias de Carnaval
para curtir e apreciar as nossas coisas.
Ouça
e curta também algumas coisas que tornaram o meu particular 20 de novembro de
2013 uma grande exaltação a Zumbi dos Palmares e a tod@s os negr@s do Brasil. Seguem os links:
Ele nasceu Mário Ramos de Oliveira em 16 de maio de 1923 em
São Paulo, filho de Mauro Almeida Ramos e Teresa Dias de Assunção, dados
colhidos de sua carteira profissional, único registro encontrado.
Jaime Faria da Rocha, redator de textos comerciais da Rádio Record, vivia
dizendo que na pensão onde morava havia um garoto com muito ritmo, cantor e
tocador de pandeiro. No dia 10 de novembro de 1936, aos 12 anos de idade, foi
admitido na rádio como contínuo, com salário de cem mil réis, no horário das 8
às 18 horas. À noite apresentava-se nos programas da emissora. Antes, em 1935,
havia participado do filme "Fazendo Fita", último trabalho do diretor
italiano Vittorio Capellaro, no qual se destacavam Alzirinha Camargo e a dupla
Alvarenga e Ranchinho.
Ele começou cantando com o nome de Juracy, nome que servia tanto para homem
como para mulher, já que sua voz tendia para timbres agudos, infantis. Em 1938,
começou a intensificar suas atividades de cantor. O salário passou a ser de 300
mil réis e fazia muito sucesso cantando em dupla com Haidê Marcondes.
Houve um momento em que o nome Juracy já não lhe cabia bem, sendo necessário um
apelido artístico mais convincente. Na Record, lembraram-se de um motorista de
táxi (naquela época, chofer de praça) que havia em São Paulo, no Largo do
Paissandu, cujo apelido era “Vassoura”. Negro muito alegre (“de risada
escandalosa”, dizem os que o conheceram), ele havia conquistado essa alcunha
pelo fato de, altas horas da noite, levar para casa os últimos freqüentadores
do Ponto Chic, que, na ocasião, era o reduto da grã-finagem de São Paulo. Ou
seja, este motorista “varria” os retardatários do Ponto Chic. Figura muito popular
na capital paulista, “Vassoura” seria imediatamente lembrado ao se precisar de
um nome artístico eficiente para o jovem Mário Ramos de Oliveira. Passaram
então a inventar que Mário era filho do “Vassoura” – e assim ficou Vassourinha.
Foi nesse período que se tornou grande amigo de Isaura Garcia, também começando
na Record, e apresentaram-se juntos em programas de rádio, em espetáculos de
teatro e excursões pelo interior do Estado. Eles costumavam apresentar em dupla
os números que Carmen Miranda cantava em dueto com Almirante e Luís Barbosa.
Carmen Miranda tinha tanta admiração por ele, que quando vinha a São Paulo
apresentar-se com sua irmã Aurora e o cantor Silvio Caldas, fazia questão de
que Vassourinha participasse desses espetáculos.
Seu repertório nessa época era calcado quase todo no de Silvio Caldas, João
Petra de Barros e Luís Barbosa. Este último, por sinal, havia sido o ponto de
partida de Vassourinha. Luís Barbosa foi o introdutor do samba de breque,
reconhecido como grande sambista, seja por sua bossa inigualável, seja pelas
inflexões originalíssimas que imprimia ao que interpretava. Morreu de
tuberculose em 1938, aos 28 anos de idade. Falou-se, na ocasião, que não
haveria mais substituo para ele, pois do jeito que ele cantava ninguém mais seria
capaz de fazer. Vassourinha demonstrava em tudo ser o sucessor natural de Luís
Barbosa. Eles tinham a voz mais ou menos parecida, tendiam para as mesmas
inflexões maliciosas do samba e gostavam de cantar acompanhando-se com pandeiro
ou chapéu de palha. Foi, de fato, o que aconteceu. A partir de 1938, com o
desaparecimento de Luís Barbosa, Vassourinha começa a ocupar-lhe o lugar. Nesse
momento, seu único obstáculo para a projeção nacional é o fato de ser paulista
e atuar em São Paulo. Mas, com todos os empecilhos que lhe são colocados pelas
segregações do bairrismo nacional, ainda assim se faz notado e comentado em
todo o país, a ponto de ter aparecido na capa da importante revista Carioca.
Pouco se sabe de sua vida particular já que sempre se mostrou muito reservado.
Seus amigos mais próximos diziam que sempre que a conversa descambava para esse
lado ele acabava mudando de assunto. O que se sabe é que morava na Barra Funda
e não tinha irmãos.
Em 1940, enfim, surge a primeira oportunidade de gravação. Nessa ocasião, já
ganhava 600 mil réis na Record e em sua carteira profissional constava que era
“cantor e auxiliar de escritório”. O compositor Antônio Almeida tinha ido à
rádio para acertar com a direção uma temporada com os Anjos do Inferno, de quem
era uma espécie de empresário. Enquanto conversava com Raul Duarte e Blota
Júnior, ouviu bem próximo alguém cantando seus sambas e descobriu ser um garoto
do elenco da rádio a quem chamavam de Vassourinha. Raul Duarte pediu-lhe que
usasse de sua influência no Rio de Janeiro para conseguir-lhe uma gravação.
Vassourinha interpretava um choro de João de Barro e Alberto Ribeiro, “Seu
Libório”,
que havia sido lançado muito tempo antes por Luís Barbosa. Luís
inclusive havia cantado “Seu Libório” no filme “Alo, alô, Carnaval”, de Wallace
Downey e Ademar Gonzaga, lançado em 1936, mas como pertencia a outra gravadora,
João de Barro – nesta época ligado a Columbia – não autorizou o registro,
aguardando outra oportunidade. Essa era a oportunidade e Almeida usou esse argumento
para convencer Braguinha a aceitar Vassourinha na Columbia. Do outro lado dessa
gravação, colocariam outro choro – “Juracy” – este do próprio Almeida e de Ciro
de Souza.
Em meados de 1941, Vassourinha gravava seu primeiro 78 rpm. Tinha cinco anos de
rádio e dezessete de idade. “Seu Libório” e “Juracy”, desse disco lançado em 23
de julho de 1941, conquistaram extraordinário sucesso em todo o Brasil. Tinham
no acompanhamento Chiquinho e seu ritmo. Na mesma sessão de gravação,
Vassourinha havia gravado mais duas músicas, ao que tudo indica, “Emília” (de
Haroldo Lobo e Wilson Batista) e “Ela vai à feira” (de Roberto Roberti e
Almanyr Greco), que seriam lançadas em um 78 rpm dois meses depois, em 19 de
setembro. Nem bem as duas primeiras músicas haviam se projetado como sucesso
nacional, “Emília” também estourava, aumentando ainda mais o prestígio de
Vassourinha e tornando-se o número mais característico de seu repertório. Em
novembro, o cantor é chamado novamente ao Rio para gravar mais quatro músicas,
ou como se dizia na época “quatro faces”. Registrou quatro músicas para o
Carnaval de 1942: “Chik, chik, bum” (marcha de Antônio Almeida), “Apaga a vela”
(marcha de João de Barro), “Olga” (samba de Alberto Ribeiro e Satyro de Mello)
e “Tá gostoso” (marcha de Alberto Ribeiro e Antônio Almeida) que foram lançadas
simultaneamente em dois discos em 3 de dezembro de 1941.
Com o sucesso no Rio, a Record começava a perdê-lo. Apesar do enorme sucesso,
não chegou a ter um bom resultado financeiro já que se ganhava muito pouco com
discos e shows. Costumava freqüentar o Café Nice, onde tomava chope e se
encontrava com os maiores cantores e compositores da época. As duas derradeiras
gravações de Vassourinha foram feitas em março de 1942, com acompanhamento de
Benedito Lacerda e seu regional. Os quatro sambas – “...E o juiz apitou” (de
Antônio Almeida e J. Batista), “Amanhã eu volto” (de Antônio Almeida e Roberto
Martins), “Amanhã tem baile” (de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) e “Volta
pra casa, Emília” (de Antônio Almeida e J. Batista) – saíram em discos
respectivamente lançados em 25 de abril e 12 de maio, conquistando novo
sucesso. Uma curiosidade: o J. Batista, parceiro de Almeida, não é outro senão
o grande Wilson Batista, que, na ocasião, havia mudado para outra sociedade e
por isso aparecia com outro nome. Autor de uma sociedade não podia fazer
parceria com autor de outra, daí que Wilson se escondeu sob o nome do pai, José
Batista, assinando como J. Batista.
Nessa época, começou a sentir os sintomas da doença que viria a vitimá-lo.
Costumava agarrar-se aos cotovelos alegando dores estranhas nos ossos. Em julho
de 1942, ao chegar de trem de São Paulo, Vassourinha telefonou ao compositor
Ciro de Souza, marcando um encontro para tratar de detalhes da gravação que iria
fazer de um novo samba dele chamado “Mademoiselle Joujoux”. Combinaram de se
encontrar na Galeria Cruzeiro, na avenida Rio Branco. Ao ver Vassourinha, Ciro
ficou espantado com sua aparência. Ele estava abatido, com febre alta e
confessou não estar se sentindo bem. Ciro levou-o ao consultório de um amigo,
Dr. Mário Braune, na rua São José, que o examinou durante 40 minutos e concluiu
que o caso era muito sério e que era tarde demais. Ciro não entendeu direito a
explicação do médico, mas parecia tratar-se de uma doença muito rara, onde
entrava tuberculose, reumatismo e outras moléstias e que já havia atingido o
coração, havendo necessidade de socorro urgente. Antes de aplicar-lhe uma
injeção, o médico recomendou que o rapaz voltasse para São Paulo em passagem
sem leito. Segundo ele, “se esse moço se deitar, não levanta mais”. Ciro
comprou passagens para o trem das 21 horas, mas não pode acompanhá-lo na viagem
pois era funcionário do Arsenal de Guerra e não podia faltar ao serviço. Ele
explicou a situação ao chefe do trem, que vinha a ser um grande admirador de
Vassourinha, e este prometeu que cuidaria dele durante toda a viagem e ajudaria
na chegada a São Paulo. Pediu a Vassourinha que telefonasse ao Rio informando
seu estado de saúde. Passados oito dias sem notícias, Ciro de Souza foi para
São Paulo e encontrou-o em casa – descrita por Ciro como “muito limpinha,
apesar de pobre” – com uma péssima aparência. Falava mal e mostrava-se muito
ofegante. Isaura Garcia visitou Vassourinha durante essa fase e na sua opinião
faltou-lhe assistência médica adequada. Sua mãe estava certa que a causa de
todo o mal tinha sido a viagem ao Rio, onde deveria ter tomado algum golpe
forte de ar e o tratava com benzeduras e arruda. Quando o médico chegou, já era
tarde demais. Segundo Isaurinha, o médico lhe calcava o dedo na testa e os
ossos afundavam, como se virassem pó.
A causa da morte de Vassourinha é até hoje desconhecida. Na baixa de sua ficha
na Rádio Record, consta como tendo sido 31 de julho de 1942 a data de seu falecimento.
Raul Duarte, porém, dizia ser 3 de agosto a data correta. O certo, enfim, é que
desaparecia, aos 19 anos de idade, uma das maiores revelações de todos os
tempos da música popular brasileira.
Suas 12 gravações – reunidas em um LP da Continental em 1976 - foram relançadas
recentemente em CD na coleção "Arquivos Warner".
Erlon Chaves, que este ano completaria 80 anos
(9 de dezembro de 1933) foi um grande maestro, arranjador, pianista e cantor comparado,
no meu modesto entendimento, aos grandes Duke Ellington e Count Basie. Então
comece esse passeio clicando aqui.
Nascido na zona norte de São Paulo Erlon Chaves
era ainda menino quando começou sua carreira de cantor apresentando-se em um
programa infantil da rádio Difusora de São Paulo.
Foi ator mirim no filme Quase no céu.
Começou seus estudos de música no Conservatório Musical Carlos Gomes, se
formando em piano no ano de 1950. Estudou canto e harmonia, sendo orientado
pelos maestros Luís Arruda Paes, Renato de Oliveira e Rafael Pugliese.
Com
a versão do calipso Matilda de Harry Belafonte,
fez sucesso no final dos anos 1950.
Trabalhou
na TV
Excelsior - canal 9, de São Paulo. Em 1965,
foi para o Rio de Janeiro, indo para a TV
Tupi
- Canal 6 e a TV Rio - canal 13. Foi diretor musical da TV
Rio,
sendo um dos responsáveis e autor do Hino do FIC, música de abertura do Festival
Internacional da Canção, em 1966.
Em 1968
acompanhou a cantora Elis Regina, que iria se
apresentar no Olympia, de Paris.
Compositor
importante foi autor de temas para telenovelas e filmes. Reconhecido sobretudo
na Europa fez trabalhos históricos juntando a sua orquestra – Banda Veneno –
com a orquestra de Paul Mauriat.
Em
1970,
durante o V FIC, transmitido pela TV Globo,
regeu um coral de quarenta vozes, que mais tarde passou a chamar-se Banda
Veneno, que acompanhou Jorge Ben ou Jorge Benjor.
Cantou a canção Eu também quero mocotó,
que estava fazendo sucesso; e foi acusado de
assédio moral após uma cena em que é beijado por diversas loiras em
apresentação na etapa internacional.
O episódio
levou-o, assim como ao seu amigo Wilson Simonal, a ser perseguido pela ditadura
militarbrasileira
por não ser a imagem do povo brasileiro que os ditadores
gostariam que fosse veiculada para o mundo. O festival estava sendo transmitido
em cores para a Europa e Estados
Unidos da América. A ditadura militar brasileira não deixa
dúvida, queria manter música e o espetáculo deste festival em prol da imagem
que deveria ser painel para o mundo. Nesta época, Erlon Chaves estava namorando
a então Miss
Brasil
de 1969, a
loiríssima Vera Fischer.
Erlon
Chaves faleceu aos 40 anos em 14 de novembro de 1974, de maneira muito suspeita,
pouco tempo depois desse episódio, de infarto fulminante quando discutia com um
grupo de forma emocionada a polêmica em torno dos acontecimentos com o seu
amigo Wilson
Simonal,
que se encontrava preso.
Suas
lembranças hoje são poucas e ficam restritas aos bailes negros onde se curte os
seus sambas-rock mostrando a atualidade da sua música.
Então dance ao som de Erlon Chaves:
Discografia
1959 -
Em tempo de Samba - Erlon Chaves e sua orquestra
1965 -
Sabadabada
1965 -
Alaíde Costa - participação como arranjador
1971 -
Banda Veneno
1972 -
1974 - Banda Veneno Internacional
Coletânea
1999 - Millennium:
Erlon Chaves - Universal Music - reedição de suas gravações.
Temas de telenovelas
1966 - O
Sheik de Agadir, da TV Globo, autor da música tema.
1966 - Eu
Compro esta Mulher - música tema.
1970 -Pigmaleão 70 da TV Globo. Na trilha
sonora da novela consta a participação de Erlon Chaves e orquestra, nas
músicas Tema de Cristina, Tema de Nando e Candinha e Povos,
todas de autoria do maestro.
Tema de filme
1973 -
filme brasileiro Aladim e a lâmpada maravilhosa com Renato Aragão e
Dedé Santana.
Destaque
1973 - As
dez canções medalha de ouro - Erlon Chaves e Paul Mauriat
Fontes: Calendário da Memória Afrobrasileira – CPDCN e Wikpédia.