quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Monsueto

Monsueto Campos de Menezes nascido no Rio de Janeiro em 4/11/1924, criado na Favela do Pinto, Monsueto perdeu os pais muito cedo, tendo sido criado por uma avó.

Cresceu entre partideiros, rodas de samba e batucadas foi, essencialmente, um músico. Baterista de boate atuou em diversos conjuntos na década de 1940, entre as quais a Orquestra de Copinha, no Copacabana Palace Hotel. Percussionista, cantor, ator comediante, foi também um excelente pintor naïf (primitivista) no fim de sua curta vida (Pablo Neruda, certa vez, adquiriu um quadro dele).

Foi, sobretudo, um compositor popular da pesada, dos melhores que o Brasil já teve.

Nas palavras de Spirito Santo considerando-se a agudeza do discurso social de suas letras, talvez ele tenha sido - muito mais do que qualquer Marx ou Engels da vida.


 
Faixa do único LP do compositor, de selo Odeon, "Mora na filosofia dos sambas de Monsueto", de 1962. Ambas as músicas foram lançadas originalmente em disco pela cantora Marlene. "Mora na filosofia" foi interpretado por ela no espetáculo "Fantasias e fantasia", encenado por Caribé da Rocha no Copacabana Palace, e substituiu justamente "O couro do falecido", porque o lançamento do show coincidiu com o suicídio de Getúlio Vargas (1954) e surgiriam interpretações fáceis de adivinhar...


Seu primeiro sucesso como compositor foi Me deixa em paz (com Aírton Amorim), gravado por Linda Batista no Carnaval de 1952.

Depois dessa gravação, teve várias músicas de sua autoria incluídas no show Fantasia, fantasias, do Copacabana Palace Hotel.

Em 1953 compôs A fonte secou (com Raul Moreno e Marcleo), um de seus sambas de maior sucesso, seguido de outro grande êxito, no ano seguinte, com Mora na filosofia (com Arnaldo Passos).

Atuou ainda no cinema, trabalhando no filme Treze cadeiras (direção de Franz Eichhorn), em 1957.

Participou como cantor em números musicais de Na corda bamba (direção de Eurides Ramos) e, como compositor em O cantor milionário (direção de José Carlos Burle) e, no mesmo ano, no filme Quem roubou meu samba? (direção de José Carlos Burle). Atuou em vários shows com Herivelto Martins antes de formar seu próprio grupo, com o qual excursionou pelo Brasil e outros paises da América, Europa e África.

Era conhecido também pelo apelido de Comandante, com o qual foi muito popular na década de 1960, época em que participava de um programa humorístico na TV-Rio. Nesse programa lançou expressões de gíria que passaram à linguagem popular, como "castiga", "vou botar pra jambrar", "diz", "ziriguidum", "mora" e outras.

A partir de 1965 começou a dedicar-se também à pintura primitivista, tendo, inclusive, recebido prêmio do Museu Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro.

Sem se ter filiado a nenhuma escola de samba, era bem recebido e respeitado em todas elas, desfilando cada ano em uma diferente. A última, em 1972, foi a Unidos de Vila Isabel.

No ano seguinte, participava das filmagens de O forte (direção de Olney São Paulo), na Bahia, em que fazia o papel de um diretor de harmonia de escola de samba, quando ficou doente e foi hospitalizado no Rio de Janeiro, onde morreu vítima de câncer no fígado.

A importância de sua música, caracterizada por uma letra de versos sintéticos, voltou a ser reconhecida pouco antes de morrer, em 1972, a partir das regravações de suas composições, como Me deixa em paz, por Milton Nascimento e Alaíde Costa, no LP Clube da esquina, da Odeon; Mora na filosofia, por Caetano Veloso, no LP Transa, da Philips; e, no ano seguinte, Eu quero essa mulher (com José Batista), também por Caetano Veloso, no LP Araçá azul, na Philips.

Outras composições suas de destaque são Na casa de corongondó (com Arnaldo Passos), Couro do falecido (com Jorge de Castro), O lamento da lavadeira (com Nilo Chagas e J. Vieira Filho), Levou fermento (com José Batista), Tá pra acontecer (com José Batista e Ivan Campos) e Ziriguidum (veja o vídeo abaixo).

 
Tremenda raridade! O filme em questão é da Lupo Filmes, lançado nos cinemas pela Sino Filmes. "Ziriguidum" foi gravada na Odeon em 27 de abril de 1961, matriz 14719, para o LP "O samba é Elza Soares", MOFB-3235, e só chegaria ao 78 rpm em abril do ano seguinte, com o número 14792-A.
 
Esse Baita Negão como era chamado merece ser curtido aqui mais uma vez agora na interpretação de Dudu Nobre:





quinta-feira, 8 de setembro de 2011


Edialeda Nascimento


 A médica ginecologista Edialeda Salgado do Nascimento, Secretária Nacional do Movimento Negro do PDT, fundou o partido junto com Leonel Brizola depois de ter feito parte do Gabinete Civil do Presidente João Goulart, antes do golpe de 1964.

No 1º governo Brizola no Rio, em 1982, foi Secretária de Estado de Promoção Social, além de presidir a Fundação Leão XIII.

Fundou e presidiu o Instituto Centro e Memória e Documentação Afro-Brasileira do Rio de Janeiro; atuou como conselheira de diversas pastas em diferentes épocas, a exemplo do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro e dos Conselhos de Justiça, Segurança Pública, Direitos Humanos, Igualdade Racial, Entorpecentes e do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, do qual foi vice-presidente

Em 2002, quando Brizola disputou o Senado pelo Rio de Janeiro, ocupou a primeira suplência na chapa. Nas eleições de 2006 disputou a vaga de Senadora pelo PDT.

Fluente em francês, italiano, espanhol e inglês, Edialeda Nascimento representou o PDT em diversas reuniões e congressos da Internacional Socialista, além de ter sido organizadora e conferencista do I Congresso de Mulheres Negras das Américas, realizado em 1984 no Equador. Edialeda também participou como conferencista de dezenas de congressos realizados na América Latina, Estados Unidos e Europa sobre a questão do negro e da mulher.

Edialeda recebeu o Título de Mulher Médica do Ano, outorgado pelo Conselho Nacional de Mulheres, em 1990. Ela também organizou o Quilombo 92, simpósio da comunidade negra internacional, no Fórum Global, paralelo à Rio 92. durante esse evento apresentou um tratado contra o racismo, que foi discutido e aprovado pelos participantes

Edialeda foi delegada do Movimento Pan-Americano do 4º Congresso Mundial de Mulheres, realizado pela ONU, na China, em 1995.

É detentora da Ordem do Mérito dos Palmares, concedido pelo governo do Estado de Alagoas, em 2005. Recebeu também a Medalha Pedro Ernesto, conferida pelo município do Rio de Janeiro, em 2006.

Edialeda integrou a Academia Neolatina e Americana de Artes e publicou três obras literárias: “Mulheres e Tecnologia”, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1993; “Brizola, lições e atualidade”, pela ISBN, lançado em Salvador, em 2004; e “Brasil, cultura plural”, pela Fundação Leonel Brizola, lançado em Belo Horizonte, em 2005.

A doutora Edialeda, essa importante e influente mulher negra, faleceu aos 69 anos em 30 de janeiro de 2010.

Fontes: