quarta-feira, 31 de agosto de 2011


Rosa Branca
O Gigante de Ébano
 
A Seleção Brasileira de Basquetebol foi bicampeã do mundo (1959 e 1963) e nela se destacou como um grande craque.

Nascido em Araraquara, São Paulo, em 19 de julho de 1940 Carmo de Souza, o Rosa Branca, é pouco conhecido dos jovens brasileiros que adoram a NBA.

Integrou a seleção brasileira durante 12 anos, onde jogou nas três posições: pivô, ala e armador, deixou sua marca no basquete brasileiro e internacional com suas várias conquistas.

Além do título de bicampeão mundial (1959/1963), ganhou duas medalhas olímpicas de bronze: Roma (1960) e Tóquio (1964). ]

Também conquistou duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos (bronze em 1955, na Cidade do México e prata em 1963, na cidade de São Paulo), além de ter sido quatro vezes campeão sul-americano (1958, 1960, 1961 e 1968). Rosa Branca encerrou sua carreira em 1971, pelo Corinthians (SP)


Minha amizade com Rosa Branca.

Um grande cara – não só na sua altura (1,89) que comparada com a minha (1,62) me colocava muito abaixo do seu ombro – tive a satisfação de conhecê-lo quando presidi o Conselho da Comunidade Negra, através de um amigo comum o Urbano, ex jogador de basquete e conselheiro. Pude encontrar-me muitas vezes com o Rosa e até mesmo homenageá-lo num 13 de Maio com a presença de um outro grande cara – Mário Covas, também ex-jogador de basquete e amigo da geração de campeões do mundo de 59 e 63.


 
Rosa Branca que eu assistia embasbacado e emocionado pela televisão quando criança, ao lado de outros acraques como Wlamir, Amauri, Edson Bispo, Mosquito e outros, ao conviver com ele constatei ser uma pessoa especial, um craque da “bola ao cesto”, da simplicidade e cordialidade. Rosa Branca  faleceu em 22 de dezembro de 2008.

 Aqui com sua esposa


Reproduzo uma entrevista que deu a Confederação Brasileira de Basquete.

Por que o apelido Rosa Branca?
Essa história começou em 1954, na cidade de Araraquara. Cheguei ao treino do Nosso Clube com uma revista “O Cruzeiro” nas mãos. Esta revista tinha uma foto de um motorista do Getúlio Vargas que se chamava Rosa Branca. Os jogadores me acharam parecido com o motorista e começaram a me chamar de Rosa Branca. Na época, não gostei muito, mas hoje tenho orgulho do apelido.
Como foi a conquista do título no Mundial do Chile, em 1959?
Em 1959, levamos vantagem por causa da desistência da União Soviética, que não jogou contra a China. Mas a seleção estava muito bem e acho que ganharíamos o título mesmo assim. Ficamos três meses treinando isolados na Ilha das Enxadas. Lá, a equipe respirava basquete o dia inteiro. Só tínhamos folga nos fins-de-semana, quando íamos para o Rio, com o Kanela tomando conta dos jogadores. Kanela era um técnico excepcional, com uma grande paixão pelo basquete. Sem ele e sem esse grupo excelente de jogadores, a conquista do bicampeonato mundial seria impossível.
Fale um pouco sobre a conquista do bicampeonato mundial.
No ano de 1963, tivemos uma campanha muito boa. Fomos campeões do Sul-Americano, em Lima, e levamos a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo. Durante o Mundial, no Rio de Janeiro, jogamos muito bem. Houve uma renovação no time. Kanela chamou alguns bons jogadores de equipes paulistas, como Ubiratan Maciel, Vitor Mirshawka e Luis Claudio Menon. Da seleção brasileira campeã mundial de 1959, ficamos apenas eu, Amaury Pasos, Wlamir Marques, Waldemar Blatskaukas e Jathyr Schall. Chegamos invictos na final, onde enfrentamos a seleção dos Estados Unidos. Era a mesma equipe que nos derrotou na final dos Jogos Pan-Americanos naquele mesmo ano, mas, dessa vez, ganhamos por 85 a 81. Bati os lances-livres que fecharam a partida. O Maracanãzinho estava lotado com quase 20 mil pessoas. Foi uma grande festa. O jogo terminou às onze horas da noite e só consegui sair de quadra às três da manhã. É uma conquista que ficou marcada na história do basquete.
Você lembra de alguma história engraçada sobre a seleção brasileira?
Quando jogamos contra a Rússia, durante o Mundial de 1963, um juiz uruguaio, que não devia gostar de brasileiros, estava apitando muito mal, em favor dos russos. A partida estava muito disputada e tensa. Depois de uma falta técnica do Amaury, marcada injustamente, o Kanela (foto) se enfureceu e deu um tapa forte na cara do juiz. O jogo parou e o Kanela foi expulso. Foi complicado tirar ele de quadra, mas o jogo continuou e a expulsão acabou sendo um estímulo para que os jogadores da seleção brasileira conquistassem a vitória. Na época, Nelson Rodrigues até escreveu uma crônica sobre esse episódio chamada “O Tapa Cívico”.